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ATCHIM!

O espirro que antes era naturalmente recebido e aceito em qualquer ambiente desde que mantido alguns cuidados e atendida a etiqueta, passou a ser veementemente rejeitado, mesmo entre os familiares e amigos.

Hoje enquanto caminhava passei próximo a um condomínio e escutei dois espirros fortes de um homem que parecia querer fazer com que o eco daquela maldição chegasse a todo o bairro, não sabia ele, que eu estava passando lá embaixo, a mais de 100 metros de distância e me preocupava com o ar daquele corpo expelido a uma velocidade que pode atingir 150 km por hora, além de poder viajar muito mais longe do que se possa imaginar.  

Ao escutar o espirro eu disse, sem mesmo conhecer o bendito homem: “que Deus te livre dessa doença maldita que destrói sonhos e famílias”. Quantos amigos e colegas nestes dias de pandemia se foram para junto do pai, vítimas do Covid-19 e das doenças oportunistas.

Lembro-me de RB, JS, ML, NC, JC, MS, A, B, C, D e tantos outros que não posso contar, que foram precocemente sequestrados pelo coronavírus. Eu queria ter o poder de parar a ação destes microrganismos patogênicos para deixar em paz a humanidade e preservar a vida dos humanos indefesos, inclusive a minha e dos meus familiares. Todos estamos na mesma tempestade e somos vulneráveis. Isso tem me assustado bastante, talvez mais que susto, pavor. Por isso temos seguido as recomendações no sentido de preservar a saúde e a vida. Nesse momento percebemos de forma clara e inequívoca que não temos nenhum controle sobre elas, senão a tentativa de preservá-la pelos meios conhecidos. Mas, o vírus é invisível e foge ao nosso controle, eu diria se fossem cascavéis, teríamos muito mais facilidade para detê-los. Estamos na mão do Senhor e à espera das descobertas científicas para nos tirar de encruzilhada entre a cruz e o punhal. Valha-nos Deus!

Não sendo possível debelar a ação nefasta deste “indesejado coronavírus”, gostaria que todos tivessem direito a um leito, ao remédio e ao tratamento adequado, sem manipulação política. E, que, os profissionais da área médica fossem tratados com o respeito e dignidade que merecem, sendo a eles oferecido os devidos Equipamentos de Proteção Individual - EPI’s e a possibilidade de seguirem procedimentos seguros para garantia de que estarão seguros, preservando a própria saúde e a vida.

“Quando os aristocratas tossem, o clero fica gripado, e a plebe morre de pneumonia. ” (Gabriel Da'l Fabbro)

Voltando ao espirro – nesta semana ao amanhecer num dia ensolarado, levantei e encontrei a minha neta deitada no sofá – reclamando que sentia uma dor na barriga e garganta – então, eu e a minha esposa nos aproximamos dela, que estava com a pele avermelhada (é branquinha) e o corpo quente (porque havia levantado há poucos minutos), mas ao tocarmos nela julgamos que estivesse com febre. Juntou-se a informação de barriga e garganta doendo com a temperatura elevada – fiquei apavorado. E logo, me perguntei: será que o coronavírus pegou a minha neta? 

Pensei, tenho feito tudo para não sair de casa, minha esposa e neta também, como ela pode ter sido acometida por esse maldito vírus? A verdade é que o desespero bate à porta quando estamos diante de um familiar, amigo, colega ou pessoa próxima abduzida pelo “vírus do terror”.  

Foi um corre-corre, liga para a mãe, traz o termômetro, compra remédio para febre et cetera.
Graças a Deus que tudo não passou de um susto e logo a garota estava correndo, pulando e comendo como se nada tivesse acontecido. Porém, a mensagem já havia sido passada e a reflexão sobre o ocorrido me fez escrever essa crônica para compartilhar com os leitores sobre mais um aprendizado e lição de vida.

Valorize o presente, brinque com seus netos e filhos, beije o seu cônjuge, pai e mãe, abrace os amigos. Curta intensamente o presente, cada segundo vale horas junto às pessoas que amamos.
Na hora da dor, passa um filme que só registra o que deveríamos ter feito para tornar o outro feliz. E o remorso: por que não fiz isso ou aquilo? Nesse momento dinheiro e bens materiais, não têm nenhum valor, o que vale é o amor, o carinho e o afeto.

Deixe de resmungar, reclamar de tudo e de todos, faça um carinho a você mesmo, ajude o próximo, se solidarize com quem está necessitando de apoio e recurso. Seja parceiro e cordial sem esperar nada em troca, mesmo com aqueles que nunca demonstraram reciprocidade ou desconhecidos, até com inimigos porque terá a oportunidade de refletir, perdoá-lo e tornar-se seu melhor amigo.

"A melhor recompensa por uma boa ação não se faz expressada aos olhos de todos, mas sim que é representada pelo sorriso de quem recebeu". (Davi Belov)

Não quero causar pânico nas pessoas portadoras do vírus, elas sabem que tendo a chance de identificar e serem medicados serão curados. E outros simplesmente não apresentarão sintomas e viverão normalmente. O problema não está neles está em mim, que ainda não consegui superar o medo dessa doença traiçoeira e covarde que acomete crianças, jovens, adultos e anciãos, e não se sabe como cada um reage diante dela. É sempre uma incógnita, por isso se torna mais perigosa e indesejada, até porque não existe hospitais e leitos para todos os doentes.

“Pessimismo é uma doença mais contagiosa do que a gripe. ” (Roberto Shinyashiki)

Sei também que essa história de quarentena está ficando chata e não tenho encontrado outra forma de liberar a energia e o pensamento negativo, senão escrevendo, lendo ou fazendo algo que tire o foco do problema.

Nunca senti tanta falta do trabalho, contato com os familiares e amigos como estou sentindo agora. Se Deus permitir que todos saiamos bem dessa pandemia – vamos ter muito a comemorar, estejam certos disso. No dia que descobrirem uma vacina e essa peste for aniquilada quero ter a oportunidade de tocar foguetes, reunir a família para comemorar e valorizar cada segundo ao lado das pessoas que amo, além da liberdade de ir e vir da qual estou sendo privado.

Eu sei e você certamente também sabe que espirrar é um mecanismo de defesa do corpo para expulsar invasores externos e desconhecidos e proteger os pulmões e outros órgãos de contaminação, mas nestes dias de pandemia parece que espirrar é doença. E o ato passou a ser reprimido, ou quando exposto, odiado. Quero voltar a espirrar sem medo.

“Guardando-nos incontaminados do mundo temos a vacina contra as más conversações e a gripe das trevas. ” (Helgir Girodo)

Dizem os especialistas que muitas coisas podem desencadear espirros, incluindo resfriados comuns, alérgenos (como o pólen pelos de animais), irritantes físicos (tais como o fumo ou poluição), químicos (gases, névoas), partículas (poeira, mofo, bolor), ar frio ou luz intensa, dentre outras causas. Deixe-nos espirrar de novo, a todo vapor, sem preconceito!

Não fosse esse “desgraçado do coronavírus” poderíamos escutar os espirros e sem noção da sua perniciosidade deixar as gotículas de spray do muco viajarem invisíveis com velocidade entre cinco e 200 vezes superior às gotas individuais e continuarmos felizes. No entanto, em nossos dias um espirro nos traz melancolia, tristeza e quando associado a uma gripe, coriza, dor de cabeça e febre passa a ser um “terror”, um verdadeiro inferno para muitos, para outros uma simples “gripezinha inofensiva”. Cada um tem uma forma de reagir, conforme a imunidade do corpo.

“Não desejo essa gripe nem para o meu pior inimigo. ” (Tati Bernardi)

Senhor afasta de nós esse mal, leva para bem longe da terra esse vírus, traz-nos a paz, a liberdade, infesta-nos de saúde e vida abundante. É disso que precisamos, não de doença, sofrimento, dor, perda e falta das pessoas amadas. Volta para o inferno “coronavírus”, lá é o seu lugar. Aqui é lugar de bênçãos, não tem espaço para maldição. Chega de histeria e morte por sua causa!

Quero voltar a assistir ao vivo os espetáculos do Circo da Alegria, com as arquibancadas lotadas de pessoas felizes, com o picadeiro cheio de artistas, trapezistas, mágicos, bailarinas, equilibristas, malabaristas, acrobatas e, me divertir, dançar, cantar, pular e sorrir com os palhaços Atchim & Espirro.  Viva o circo! Use máscaras! Proteja-se contra o Covid-19! Viva a vida!

“O sorriso é mais contagiante do que a gripe!!”  (Vinicius Vighini)

José Carlos Castro Sanches

É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense.

São Luís, 03 de maio de 2020.

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