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Versos perdidos na estrada

“Deus nos dá pessoas e coisas,
para aprendermos a alegria...
Depois, retoma coisas e pessoas
para ver se já somos capazes da alegria
sozinhos...
Essa... a alegria que ele quer” (Guimarães Rosa)

Sem sair de casa, perambulando pelo pensamento depois de 65 dias aprisionado na minha caverna, confinado no meu mundo particular, preso ao medo do coronavírus e aos exageros das redes de televisão, rádio, jornais, revistas, internet e outras mídias que decidiram sacrificar os pobres, mortais que somos, com notícias pessimistas que maltratam não apenas a mente como o corpo daqueles que assustados com a histeria passam a acreditar que estão doentes, mesmo sadios. Quanta maldade dos homens para sacrificar a humanidade em benefício próprio. Valha-nos Deus!

Por outro lado, os doentes desesperados não têm para onde ir porque os hospitais estão sobrecarregados de pacientes, sem remédios, sem estrutura, apenas com a boa vontade dos profissionais de saúde que se desdobram para fazer milagres, enquanto os políticos e governantes dão as costas para os cidadãos que merecem respeito e dignidade. Será que os homens se perderam na sinuosidade das estradas?

“Nenhum homem jamais se perdeu em uma estrada reta. ” (Abraham Lincoln)

A vida deveria ser a prioridade, no entanto, a prioridade é o poder, infelizmente. As brigas se intensificam não pela saúde dos doentes, mas pelos recursos para custear as futuras eleições e outros interesses adversos e diversos. 
Depois de ter a visão pessimista ou realista do momento. Continuei o passeio divagando na imaginação criativa tentando encontrar os “versos perdidos na estrada”. Fui longe, até que os achei escondidos no recôndito da alma ensanguentada. Sem respostas para os meus próprios devaneios, os indaguei:

Será que nessa atmosfera de dor e sofrimento
Florescerá a luz, o brilho e a esperança?
A saúde, a paz, a fraternidade e o alimento?
Renascerá mais forte a gratidão e a amizade?
Soprará um vento leve e suave de acalanto?

O que me dizes “verso perdido na estrada”?
É possível ter a alegria sem ressentimento?
Podemos voltar a reunir os familiares e amigos?
Viver intensamente a vida sem tormento?

Andarmos livres pelas ruas e bosques, sem máscaras?
Reencontrar com as pessoas amadas, sem lamento?
Apreciar o canto dos pássaros no jardim florido?
Ouvir espirros sem pensar em sofrimento?

Curtir o vai e vem das ondas, o sol e a lua?
Perceber o brilho das estrelas e sentir o afago do vento?
Navegar, flutuar e delirar como “versos perdidos na estrada”?
Sem rumo, sem direção, sem lenço e sem documento? 
Será verdade o que se passa no planeta terra?
Ou tudo não passa de ilusão e confinamento?

“Qual é a sua estrada, homem? A estrada do místico, a estrada do louco, a estrada do arco-íris, a estrada dos peixes, qualquer estrada...  Há sempre uma estrada em qualquer lugar, para qualquer pessoa, em qualquer circunstância. Como, onde, por quê?" (Jack Kerouac)

José Carlos Castro Sanches

É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense.


São Luís, 16 de maio de 2020.

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NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS16.05.2020. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual amparado pela lei nº 9.610/98 que confere ao autor Direitos patrimoniais e morais da sua obra.

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